“O Senhor é quem dá pobreza e riqueza; ele humilha e exalta” I Sm 2.7
TEXTOS DE REFERÊNCIA
I Cr 13.10,12,13 e II Sm 6.11
INTRODUÇÃO
A arca da aliança era feita de Acácia, a madeira mais nobre e mais resistente, e de ouro, o metal mais precioso, símbolos da eternidade e da glória de Deus. Em toda batalha travada por Israel, a arca ia adiante como um símbolo de que Deus estava presente e que garantiria a vitória.
A história de Obede-Edom é riquíssima, ela apresenta a transformação de um homem que aparece do nada, e que é favorecido pela presença da arca em sua casa. Ela mostra um contraste gigantesco do agir de Deus, onde uns em nada são abalados, e outros são extremamente transformados e abençoados.
A trajetória da arca do Senhor
Durante muitos anos a arca foi para o povo israelita um símbolo da presença de Deus, era como se o próprio Deus estivesse em pessoa entre eles, a pelejar suas guerras. Essa mesma arca havia sido levada pelos filisteus, após a morte de Eli (I Sm 4.10-18). Posta no templo, a arca trouxe grande terror ridicularizando seu deus Dagom, que diante dela teve sua cabeça e braços decepados. O povo também foi punido com hemorroidas e uma praga de ratos, tendo que fabricar ratos e hemorroidas de ouro para aplacar a ira do Senhor. Por onde a arca passava trazia terror, até que, finalmente, chegou à casa de Abinadabe, e lá se estabeleceu por um período de vinte anos, após consagrarem Eleazar, seu filho, como guardião da arca (I Sm 5.1-12; 6.1-27; 7.1-2).
Davi e a arca do Senhor
Durante o tempo que a arca ficou na casa de Abinadabe, Deus preparou o jovem Davi para reinar em Israel, e após a sua ascensão, ele resolveu buscar a arca e levar a Jerusalém. Segundo a Lei, a arca deveria ser conduzida nos ombros dos sacerdotes, e jamais em carro de bois (I Cr 15.15). Davi anelava por Deus, queria sua presença, queria que Jerusalém fosse inundada de graça. No entanto, ele agiu da mesma forma que os filisteus; ele a puxou numa carruagem. Se ao menos observasse o currículo de Abinadabe saberia que em vinte anos ele apenas guardou a arca e nada mais. A morte de Uzá é uma prova que a irreverência mata, e mesmo que houvesse boas intenções, seguir o modelo errado é sempre incorrer em juízo (I Sm 2.6-7).
O toque irreverente de Uzá
Uma razão pela qual temos a dificuldade em compreender a morte de Uzá é que nós próprios temos “o ponto de vista de Uzá” a respeito de Deus. Pois, tendemos a reduzir o Senhor a um símbolo de boa sorte, numa caixa. Uzá conhecia a pena de morte, era um levita, um coatita especificamente encarregado de tomar conta da arca (Nm 4.4-20). Tratar as coisas sagradas com leviandade é como tocar na arca, Uzá foi irreverente, não santificou o nome do Senhor. Uzá cresceu olhando para a arca, para ele a arca era apenas uma religiosidade, um culto como outro qualquer. Durante vinte anos nada aconteceu em sua casa, nada aconteceu em sua vida, não existe registro algum de que aquela presença possa ter alterado alguma coisa em sua família.
Abalado pela morte de Uzá, Davi temeu e disse: “Como trarei a mim a arca de Deus?” (I Cr 13.12). Sua preocupação era: se Deus está matando o que vamos fazer? Então, guiado por Deus, ele conduz a arca para a casa de Obede-Edom e volta com sua comitiva frustrada para Jerusalém.
Obede-Edom, um homem especial para Deus
A tragédia que trouxe morte para Uzá produziu vida para Obede-Edom. Parece que Deus havia tomado uma decisão: “Ele nem habitaria na casa do sacerdote e nem tampouco habitaria com o rei”. Era como se estivesse enojado com o sistema e a maneira cega que lhe conduziam. Deus resolveu habitar na casa de alguém sem “status”, alguém que estava fora de alcance para todos. Deus deixou de habitar com os nobres, para transformar aquele que para todos era um anônimo. Obede-Edom significa: servo de Edom. Os edomitas eram descendentes de Esaú, os quais Deus mandou exterminar da terra e os amaldiçoou. A tragédia favoreceu toda a sua casa, um exemplo de graça onde jamais houve uma perspectiva de mudança.
Obede-Edom assumiu os riscos da presença de Deus
Quando ninguém queria arriscar-se num compromisso tão radical com Deus, ele abre as portas de sua casa e decide ser o modelo que aquela nação precisava. Obede-Edom teve coragem, pois qual homem que assistindo ao funeral de alguém fulminado pela arca a colocaria em sua casa? Obede-Edom arriscou sua vida e a de sua família, e, é exatamente isso que acontece quando a presença de Deus entra em nossa casa. Nós corremos risco (Sl 44.22; Rm 8.36). Evangelho nunca foi fácil, sempre trouxe marcas, perseguição, e sangue (Mc 13.12). Hoje é que as coisas mudaram. Não se sabe mais quem é ou quem não é; quem realmente serve ou quem apenas guarda a arca. Tudo está tão misturado; tão comum, e tão fácil, que a graça se tornou engraçada para muitos.
Obede-Edom teve a rotina de sua vida alterada
Obede-Edom não somente arriscou, mas teve a rotina de sua vida alterada. É impossível Deus entrar em uma vida e as coisas continuarem do mesmo jeito. Foram três meses apenas, mas três meses que marcaram a história. Poderíamos até conjecturar dizendo que: no primeiro mês houve a restauração da vida sentimental de Obede-Edom, pois sua mulher engravidou e gerou filhos; no segundo mês aconteceu a restauração financeira, onde seu gado e sua hortaliça produziram absurdamente; no terceiro mês sua vida espiritual deu uma guinada, e ele desejou deixar tudo para seguir o caminho da arca. A morte de Uzá foi a porta de entrada para Obede-Edom, e a benção na casa de Obede-Edom foi a causa de um avivamento em Jerusalém (II Sm 6.12).
III. Obede-Edom, um homem sedento pela presença de Deus
Enquanto Davi se preocupa em descobrir a maneira correta para trazer a arca para Jerusalém, a notícia da prosperidade de Obede-Edom se estende por toda a cidade (II Sm 6.12). Porém, Obede-Edom toma uma grande decisão, deixar tudo para seguir a arca por onde quer que ela fosse, e se torna uma figura de destaque na história de Israel.
O crescimento espiritual de Obede-Edom
Para Obede-Edom a presença de Deus era mais importante do que os milagres derramados sobre sua vida. Ele segue para Jerusalém, abandona sua residência, deixa tudo e se torna porteiro do Santuário (I Cr 15.17-18). Ele queria ficar perto da presença, mesmo que fosse pelas frestas da porta; com o desejo de entrar mais nessa presença ele se tornou músico (I Cr 15.19-21); em seguida é visto como um guardião da arca ele anelava por mais e mais de Deus (I Cr 15.24); de guardião ele se tornou um ministro de adoração, liderado por Asafe (I Cr 16.4-5); de repente, o incansável adorador que era liderado por Asafe, deixa de ser somente um ministro de adoração e se torna um líder de sessenta e oito pessoas (I Cr 16.37-38).
Obede-Edom, um homem de confiança do rei
O mesmo Davi que designou a arca para a casa de Obede-Edom, também o promoveu como homem de confiança do tesouro do Santuário (II Cr 25.24). Segundo alguns estudiosos, o tesouro do Santuário do Senhor que estava sob a responsabilidade de Obede-Edom corrigidos para os nossos dias chegaria a cerca de três bilhões de dólares. A grande lição da presença de Deus na vida desse homem está em como se conduzia diante d’Ele. Para Obede-Edom sua maior riqueza era estar na presença de Deus. Que esse seja o caminho para um avivamento em nossos dias.
Os marcos da gratidão de Obede-Edom
Desde aquele dia em que a arca do Senhor passou a fazer ´parte da vida de Obede-Edom, ele jamais deixou de ser um homem ligado ao Senhor, e para cada momento vivido, um filho expressava o conteúdo de sua amizade com Deus. Vejamos seus nomes: 1) Semaías – Ouvido por Jeová; 2) Jozabade – Jeová quem me deu; 3) Joá – Jeova é meu irmão; 4) Sacar – Ordenado; 5) Natanael – Meu amigo é Deus; 6) Amiel – existe recompensa; 7) Issacar – Portador do salário; 8) Peuletai – Salário (I Cr 26.4-5). Toda a geração de Oberde-Edom foi alcançada pelo Senhor, e todos se destacaram nas páginas Sagradas como como valentes e de força para o ministério (I Cr 26.6-8).
CONCLUSÃO
Da mesma forma que muitas pessoas estão abrindo suas portas para a presença de Deus, e sua sede por Ele tem produzido mudanças generalizadas, alguns estão enveredando pelo caminho de Abinadabe, não passando o temor divino aos seus filhos, e permitindo que morram não somente de forma espiritual, mas literal (Pv 22.6). É tempo de buscar ao Senhor (Is 55.6).