A Importância da Escola Dominical para a Família Tão imprescindível tornou-se a Escola Dominical, que já não podemos conceber uma igreja sem ela. Haja vista que, no dia universalmente consagrado à adoração cristã, nossa primeira atividade é justamente ir a esse prestimoso educandário da Palavra de Deus. É aqui onde aprendemos os rudimentos da fé e o valor de uma vida inteiramente consagrada ao serviço do Mestre. |
I – O QUE É A ESCOLA DOMINICAL: A Escola Dominical é também um ministério interpessoal, cujo objetivo básico é alcançar, através da Palavra de Deus, as crianças, os adolescentes, os jovens, os adultos, a família, a igreja e toda a comunidade. Por conseguinte, é a Escola Dominical a única agência de educação popular de que dispõe a igreja, a fim de divulgar, de maneira devocional, sistemática e pedagógica, a Palavra de Deus. “A Escola Dominical, devidamente funcionando, é o povo do Senhor, no dia do Senhor, estudando a Palavra do Senhor, na casa do Senhor”
II – OS OBJETIVOS DA ESCOLA DOMINICAL Ganhar almas. Ganhar almas significa convencer o pecador impenitente, através do Evangelho de Cristo, quando à premente necessidade de arrepender-se de seu pecados, e aceitar o Filho de Deus como o seu Único e Suficiente Salvador. Evangelizar, ou ganhar almas, é o primordial objetivo da Escola Dominical. Pois antes de ser a principal agência educadora da Igreja, é a Escola Dominical uma agência evangelizadora e evangelística. Evangelizadora: proclama o Evangelho de Cristo enquanto ensina. Educar o ser humano na Palavra de Deus. Em linhas gerais, educar significa desenvolver a capacidade física, intelectual, moral e espiritual do ser humano, tendo em vista o seu pleno desenvolvimento. No âmbito da Escola Dominical, educar implica em formar o caráter humano, consoante às demandas da Bíblia Sagrada, a fim de que ele (o ser humano) seja um perfeito reflexo dos atributos morais e comunicáveis do Criador. As Sagradas Escrituras têm como um de seus mais sublimados objetivos justamente a educação do homem. Prestemos atenção a estas palavras de Paulo: “Toda Escritura é devidamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra” (2 Tm 3.16,17). “Um jovem educado na Escola Dominical raramente é levado às barras dos tribunais”. Desenvolver o caráter cristão. Também é missão da Escola Dominical a formação de homens, mulheres e crianças piedosos. Escrevendo a Timóteo, o apóstolo Paulo é irreplicável: “Exercita-te a ti mesmo na piedade” (1 Tm 4.7). A piedade não se adquire de forma instantânea. Advém-nos ela de exercícios e práticas espirituais que nos levam a alcançar a estatura de perfeitos varões. “A conversão de uma alma é o milagre de um momento; a formação de um santo é a tarefa de uma vida inteira”. Só nos resta afirmar ser a Escola Dominical uma oficina de santos. Ela ensina a estes como se adestrarem na piedade até que venham a ficar, em todas as coisas, semelhantes ao Senhor Jesus. Treinar obreiros. Embora não seja um seminário, nem possua uma impressionante grade curricular, é a Escola Dominical uma eficientíssima oficina de obreiros. De suas classes é que saem os diáconos, os presbíteros, os evangelistas, os pastores, os missionários e teólogos. Um cálculo muito modesto assinala que 75% dos membros de todas as denominações, 85% dos obreiros e 95% dos pastores e missionários foram, em algum tempo, alunos da Escola Dominical. Os pais devem se preocupar a levar seus filhos na Escola Dominical. “Não mande seus filhos a Escola Dominical. Venha com eles”.
III – O ENSINO DA PALAVRA DE DEUS NOS TEMPOS BÍBLICOS Embora seja uma instituição relativamente moderna, as origens da Escola Dominical remontam aos tempos bíblicos. Haveremos de descortina-la nos dias de Moisés, nos tempos dos reis, dos sacerdotes e dos profetas, na época de Esdras, no ministério terreno do Senhor Jesus e na Primitiva Igreja. Não fossem esses inícios tão longínquos, não teríamos hoje a Escola Dominical. Nos dias de Moisés. Além de promover o ensino nacional e congregacional de Israel, Moisés ligou muita importância à instrução doméstica. Aos pais, exorta-os a atuarem como professores de seus filhos: “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-se e ao levantar-te” (Dt 6.7) As reuniões públicas recebiam iguais incentivas: “Congregai o povo, homens, mulheres e pequeninos, e os estrangeiros que estão dentro das vossas portas, para que ouçam e aprendam, e temam ao Senhor vosso Deus, e tenham cuidado de cumprir todas as palavras desta lei; e que seus filhos que não a souberem ouçam, e aprendam a temer ao Senhor vosso Deus, todos os dias que viverdes sobre a terra a qual estais passando o Jordão para possuir” (Dt 31.12,13). No tempo dos reis, profetas e sacerdotes. Vários reis de Judá, estimulados pelos profetas, restauram o ensino da Palavra de Deus, encarregando desse mister os levitas. Eis o exemplo de Josafá: “No terceiro ano do seu reinado enviou ele os seus príncipes, Bene-Hail. Obadias, Zacarias, Netanel e Micaías, para ensinarem na cidades de Judá; e com eles os levitas Semaías, Netanias, Zebadias, Asael, Semiramote, Jônatas, Adonias, Tobias e Tobadonias e , com estes levitas, os sacerdotes Elisama e Jeorão. E ensinaram em Judá, levando consigo o livro da lei do Senhor; foram por todas as cidades de Judá, ensinando o povo” (2Cr 17.7-9). O bom rei Josafá incumbiu vários príncipes do ensino da Lei de Deus. Que iniciativa maravilhosa! Príncipes a serviço da educação! Se os governantes de hoje lhe seguissem o exemplo, tenho certeza de que o mundo haveria de vencer todas as suas dificuldades. Infelizmente, os poderosos não desejam que seu filhos tenham as luzes do saber divino. Aos pastores, todavia, cabemos promover a educação da Palavra de Deus a fim de que, brevemente, possamos mudar os destinos desta nação. Na época de Esdras. Foi Esdras um dos maiores personagens da história hebréia. Entre as suas realizações, acham-se o estabelecimento da sinagogas em Babilônia, o ensino sistemático e popularizado da Palavra de Deus na Judéia e, de acordo com a tradição, o estabelecimento da cânon do Antigo Testamento. Provavelmente foi ele também o autor dos Livros de crônicas, Neemias e da porção sagrada que lhe leva o nome. Nascido em Babilônia durante o exílio viria a destacar-se como escriba e doutor da Lei (Ed 7.6). No sétimo ano de Artaxerxes Longímano (458 ªC.), recebe ele a autorização para transferir-se à terra de seus antepassados. Acompanham-no grande número de voluntários, que, consigo, trazem dinheiro e material para reerguer o templo e restabelecer o culto sagrado. Segundo a tradição judaica, a sinagoga foi estabelecida por Esdras durante o exílio babilônico. Como estivessem os judeus longe de sua terra, distantes do Santo Templo e afastados de todos os rituais do culto levítico, Esdras, juntamente com outros escribas e erudito, resolvem fundar a sinagoga. Funcionava esta não somente como local de culto como também servia de escola às crianças. Foi justamente no âmbito da sinagoga que a religião hebréia pôde manter-se incontaminada numa terra que era a mesma idolatria. A Escola Dominical, como hoje a conhecemos tem muito da antiga Sinagoga. Dedicam-se ambas ao ensino relevante e popularizado da Palavra de Deus. Já na terra de Promissões, Esdras continuou a ensinar a Palavra de Deus aos seus contemporâneos. Em Neemias capítulo oito, deparamos-nos com uma grande reunião ao ar livre: “Então todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça diante da porta das águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moisés, que o Senhor tinha ordenado a Israel. E Esdras, o sacerdote, trouxe a lei perante a congregação, tanto de homens como de mulheres, e de todos os que podiam ouvir com entendimento, no primeiro dia do sétimo mês. E leu nela diante da praça que está fronteira à porta das águas, desde a alva até o meio-dia, na presença dos homens e das mulheres, e dos que podiam entender; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei. Esdras, o escriba. Ficava em pé sobre um estrado de madeira, que fizeram para esse fim e estavam em pé junto a ele, à sua direita, Matitias, Sema, Ananias, Urias, Hilquias e Maaséias; e sua esquerda, Pedaías, Misael, Malaquias, Hasum, Hasbadana, Zacarias e Mesulão. E Esdras abriu o livro à vista de todo o povo (pois estava acima de todo o povo); e, abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé. Então Esdras bendisse ao Senhor, o grande Deus; e todo povo, levantando as mãos, respondeu: Amém! Amém! E, inclinando-se, adoraram ao Senhor, com os rostos em terra. Também Jesuá, Bani, Serebias, Mamim, Acube; Sebetai, Hodias, Maaséias, Quelita, Azarias, Jozadabe, Hanã, Pelaías e os levitas que explicavam ao povo a lei; e o povo estava em pé no seu lugar. Assim leram no livro, na lei de Deus, distintamente; e deram o sentido, de modo que se entendesse a leitura”. No período do ministério terreno do Senhor Jesus. Foi o senhor Jesus durante o seu ministério terreno, o Mestre por excelência. Afinal, Ele era e é a própria sabedoria. Nele residem todos os tesouros do conhecimento (Cl 2.3). Era o Senhor admirado por todos, porque a todos ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas e fariseus (Mt 7.29). Em pelo menos 60 ocasiões, é o Senhor Jesus chamado de Mestre nos evangelhos. Pode haver maior distinção que esta? Isto, contudo, era insuportável aos doutores da Lei, escribas e rabinos, pois não tinham condição de competir com o Filho de Deus. Jesus não se limitava a ensinar nas sinagogas. Ei-lo nas casas, nas mais esquecidas aldeias, à beira mar, num monte e até mesmo no Santo Templo em Jerusalém. Ele não perdia tempo; sempre encontrava ocasião para espalhar as boas novas do Reino de Deus. Ele curava os enfermos e realizava sinais e maravilhas. Mas, por maiores que fossem suas obras, jamais comprometia Ele o ministério do ensino. Antes de ascender aos céus, onde se acha a destra de Deus a interceder por todos nós, deixou com os apóstolos estas instruções mais que explícitas: “portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28.19-20). Na Igreja Primitiva. Do que Lucas registrou em Atos dos Apóstolos, é fácil concluir: os discípulos seguiram rigorosamente as ordens do Senhor Jesus Cristo. Ensinaram Jerusalém, doutrinaram toda a Judéia, evangelizaram Samaria, percorreram as regiões vizinhas à Terra Santa. E, em menos de 30 anos, já estavam a falar do Senhor Jesus Cristo na capital do Império Romano “sem impedimento algum” (At 28.31). Se a Igreja cresceu, cresceu ensinando a Palavra de Deus a toda a criatura; se expandiu, expandiu-se evangelizando e discipulando. Sem o magistério do Evangelho, inexistiria a Igreja de Cristo.
IV – O ENSINO DA PALAVRA DE DEUS NO PERÍODO POSTERIOR AO NOVO TESTAMENTO Antes de sumariarmos a história da Escola Dominical, faz-se mister evocar os grandes vultos do período pós-apostólico que muito contribuíram para o ensino e divulgação da Palavra de Deus. Como esquecer os chamados pais da Igreja e quantos lhes seguiram o exemplo? Lembremo-nos de Orígenes, Clemente de Alexandria, Justino o Mártin, Gregório Nazianzeno, Agostinho e outros doutores igualmente ilustres. Todos eles magnos discipuladores. Agostinho, alías, tinha uma exata concepção da tarefa educativa da Igreja: “Não se pode prestar melhor serviço a um homem do que conduzi-lo à fé em Cristo; em conseqüência, nada há mais agradável a Deus do que ensinar a doutrina cristã” . E o que dizer do Dr. Lutero? O grande reformador do século XVI, apesar de seus grandes e inadiáveis compromissos, ainda encontrava tempo para ensinar as crianças. Haja vista o catecismo que lhe escreveu. Calvino e Ulrico Zwinglio também se destacaram por sua obra educadora. Foram esses piedosos servos de Cristo abrindo caminho até que a Escola Dominical adquirisse os atuais contornos.
V – A FUNDAÇÃO DA ESCOLA DOMINICAL Aqueles menores roubavam, viciavam-se e eram viciados; achavam-se sempre envolvidos nos piores delitos. É nesse momento tão difícil que o jornalista episcopal Roberto Raikes entra em ação. Tinha ele 44 anos quando saiu pelas ruas a convidar os pequenos transgressores a que se reunissem todos os domingos para aprender a Palavra de Deus. Juntamente com o ensino religioso, ministrava-lhes Raikes várias matérias seculares: matemática, história e a língua materna – o inglês. Não demorou muito, e a escola de Raikes já era bem popular. Entretanto, a oposição não tardou a chegar. Muitos eram os que o acusavam de estar quebrantando o domingo. Onde já se viu comprometer o dia do Senhor com esses moleques? Será que o Sr. Raikes não sabe que o domingo existe para ser consagrado a Deus? Robert Raikes sabia-o muito bem. Ele também sabia que Deus é adorado através de nosso trabalho amoroso e incondicional. Embora haja começado a trabalhar em 1780, foi somente em 1783, após três anos de oração, observações e experimentos, que Robert Raikes resolveu divulgar os resultados de sua obra pioneira. No dia três de novembro de 1783, Raikes publica em seu jornal, o que Deus operara e continuava a operar na vida daqueles meninos de Gloucester. Eis porque a data foi escolhida como o dia da fundação da Escola Dominical. “Mal sabia Raikes que estava lançando os fundamentos de uma obra espiritual que atravessaria os séculos e abarcaria o globo, chegando até nós, a ponto de ter hoje dezenas de milhões de alunos e professores, sendo a maior e mais poderosa agência de ensino da Palavra de Deus que a Igreja dispõe”.
VI – A FUNDAÇÃO DA ESCOLA DOMINICAL NO BRASIL
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