PASTOR JORGE DE OLIVEIRA  
ESPINHO NA CARNE DE PAULO
ESPINHO NA CARNE DE PAULO

ESPINHO  NA CARNE  DO APÓSTOLO  PAULO: II COR:  12/7

INTRODUÇÃO:

O tema proposto está baseado no versículo bíblico descrito em II Coríntios 12:7 que diz: “E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte.”

A pesquisa sobre qual seria o “espinho na carne de Paulo” tem gerado muita inquietação e especulações no meio acadêmico teológico.

Nossa proposta é apresentar uma possibilidade, baseada em relatos do próprio apóstolo em alguns textos e versões, como pano de fundo de uma importante reflexão sobre o senhorio e a soberania de Deus.
Espero que o presente trabalho possa, de alguma maneira, contribuir para edificação e crescimento em graça, de todos os seus leitores.

O ESPINHO NA CARNE

A - PERÍCOPE BÍBLICA:

II Coríntios 12:7:

1. BÍBLIA SAGRADA – EDIÇÃO REVISTA E ATUALIZADA:
12:7 E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. 

2. BÍBLIA SAGRADA – EDIÇÃO PASTORAL:
12:7 Para que eu não me inchasse de soberba por causa dessas revelações extraordinárias, foi me dado um espinho na carne, um anjo de satanás para me espancar, afim de que eu não me encha de soberba. 

3. A BÍBLIA DE JERUSALÉM – NOVA EDIÇÃO, REVISTA:
12:7 Já que essas revelações eram extraordinárias, para eu não encher de soberba, foi-me dado um aguilhão na carne – um anjo de satanás para me espancar – a fim de que eu não me encha de soberba. 

4. A BÍBLIA VIVA:
12:7 Uma coisa eu digo: em vista de serem tão extraordinários estas experiências que eu tive, Deus ficou receoso de que eu me inchasse com elas: por isso foi-me dada uma doença que tem sido um verdadeiro espinho na carne, um mensageiro de satanás, para me ferir e me atormentar, e para esvaziar meu orgulho. 

5. BÍBLIA SAGRADA – BARSA – EDIÇÃO ECUMÊNICA
12:7 E para que a grandeza das revelações me não ensoberbecesse, permitiu Deus que eu sentisse na minha carne um estímulo, que é um anjo de Satanás, para me esbofetear.


B – DIVERSAS TESES PARA O ESPINHO NA CARNE DE PAULO:

O texto sagrado é um tanto obscuro neste ponto; e, além disso, existem várias variantes quanto aos manuscritos gregos, provavelmente originados de modificações feitas pelos escribas, que desejam corrigir o ditado um tanto desajeitado de Paulo.
A origem desse espinho foi o próprio Deus, embora o seu agente tenha sido satanás, que é aqui considerado como o meio de cumprir a vontade divina, mais ou menos o mesmo fenômeno que encontramos na experiência de Jó. O Apóstolo Paulo reconhecia o propósito divino desta aflição, ao mesmo tempo em que igualmente cria que o poder satânico é real e pode atingir aos crentes, se assim o Senhor Deus der permissão, ou se os próprios crentes se afastam da proteção divina.
Quanto ao que consistiria o espinho na carne de Paulo, as especulações variam entre duas grandes categorias: De aflição mental e de aflição física. As aflições mentais seriam coisas como o desespero, o desânimo, a dúvida, a falta de confiança, as tentações e os desejos sensuais. As aflições físicas seriam as perseguições que haviam debilitado Paulo no corpo, defeitos na aparência pessoal, a malária, dores de cabeça tipo enxaqueca, epilepsia, dores de ouvido ou a oftalmia. Dentre as aflições físicas, e epilepsia e a oftalmia têm sido as preferidas pelos intérpretes.


C – O ESPINHO NA CARNE DE PAULO COMO UMA PROVAVEL ENFERMIDADE NOS OLHOS:

Cremos que as palavras “... na carne ...” se referem a alguma debilidade física ou enfermidade. E dentre as enfermidades, parece-nos que a oftalmia1 é a aflição que tem maiores probabilidades.



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1 Oftalmia é, segundo o site

http://www.topgyn.com.br/medicina_alternativa/o/conso35a03.php,

é uma inflamação dos olhos, causada por bactérias, poeira ou outros

agentes externos. O globo ocular apresenta inchaço e vermelhidão

anormal. Pode ocorrer de lacrimejar. E muito comum à pessoa sentir

aversão à luz por causa da inflamação.

O comentário da Bíblia Sagrada, Edição Barsa ao Versículo 7, do Capítulo 12, da Segunda Epístola e S. Paulo aos Corintios, diz:


“ Um estímulo ... provavelmente uma enfermidade crônica. Comparando esta indicação tão vaga com outras, parece poder se concluir tratar-se e oftalmia oriunda da poeira, excesso de luz, não rara no Oriente e que provoca fortes dores de cabeça, além de deixar o paciente com aspecto repugnante.” ²

Analisando esta possibilidade pelos próprios relatos bíblicos, algumas passagens reforçam esta tese, a saber:

1 – A EXPERIÊNCIA NA ESTRADA DE DAMASCO – A experiência de conversão de Paulo é descrita 3 vezes no livro de Atos dos Apóstolos (Atos 9:1-9 / 22:4-11e 26:9-18). Em todas as três narrativas Paulo descreve a perda de visão. Na última narrativa (26:9-18), mais precisamente no versículo 13, o texto sagrado diz: “Ao meio-dia, ó rei, indo eu caminho fora, vi uma luz no céu, mais resplandecente que o sol, que brilhou ao redor de mim e de todos os que iam comigo.”
A revista crescer, no site http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI66580-15326,00.html, descreve que:
Quem não protege os olhos desde a infância tem mais chances de desenvolver, a longo prazo, catarata, pterígio (uma carne que cresce ao redor do olho), lesões na retina e fotoceratires (irritação na córnea).” 3

Agora, imagine o impacto de uma luz mais forte que o sol de meio dia que deixou Paulo cego por três dias?
Alguém poderia argumentar que ele foi curado pela instrumentalidade de Ananias, no entanto, experiência de Jacó com Deus, descrita em Gênesis 32:30-31, deixa-nos claro que Jacó, segundo ele, “viu Deus face a face e teve a sua alma salva”, no entanto, saiu desta experiência com a seqüela de uma coxa que manquejava.
Assim sendo, sendo cientificamente comprovado que o excesso de luz é uma das causas para o surgimento da “oftalmia”, esta possibilidade parece-nos aceitável e estimulante.

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² Bíblia Sagrada, Edição Barsa. Catholic Press, 1965, pagina 163
3 http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI66580-15326,00.html

2 – A PALAVRA DE PAULO EM RECONHECIMENTO AOS GÁLATAS – A passagem de Gálatas 4:13-15 diz:
Como sabem, foi por causa de uma doença que lhes preguei o evangelho pela primeira vez. Embora a minha doença não lhes tenha sido uma provação, vocês não me trataram com desprezo ou desdém; ao contrário, receberam-me como se eu fosse um anjo de Deus, como o próprio Cristo Jesus. Que aconteceu com a alegria de vocês? Tenho certeza que, se fosse possível, vocês teriam arrancado os próprios olhos para dá-los a mim.” 4

O texto deixa-nos transparecer de forma bem nítida a impressão de que a enfermidade de Paulo causava certa repulsa por parte dos que o viam. Esse seria o tipo de coisa de que Paulo sentir-se-ia ansioso por livrar-se, porquanto o feria profundamente em seus brios pessoais. E por fim, o desejo dos Gálatas, se assim pudessem fazer, dariam os “próprios olhos” para Paulo é, no mínimo estimulante para pensarmos na possibilidade de “oftalmia”.

3 – PAULO FRISA QUE ESCREVEU A EPÍSTOLA AOS GÁLATAS COM LETRAS GRANDES – Na passagem descrita em Gálatas 6:11, Paulo ressalta o uso de LETRAS GRANDES que, tanto pode sublinhar a importância das orientações, quanto enriquecer a idéia de sua dificuldade de enxergar.

4 – PAULO USOU ESCRIBA PARA ESCREVER OUTRAS CARTAS PARA ELE – A passagem de Romanos 16.22 nos mostra que Paulo ditou esta carta a Tércio, que a escreveu. Em outras passagens como em 1 Corintios 16:21, Colossenses 4:18, 2 Tessalonicenses 3:17 e Filemon 19, deixam-nos transparecer que, depois de ditar as cartas, Paulo acrescentava, de seu próprio punho, a sua assinatura e umas palavras finais.

5 – DIFICULDADE EM RECONHECER O SUMO SACERDOTE ANANIAS PERANTE O SINÉDRIO – A passagem de Atos 23:1-5 nos relata que quando Paulo foi levado perante o Sinédrio, ao fazer sua defesa, por ordem do Sacerdote Ananias, apanhou na boca. Paulo reage violentamente, chamando-o de “parede branqueada” e proferindo o juízo de Deus contra ele. Sendo avisado que se tratava de um sumo sacerdote, Paulo se desculpa.

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4 Bíblia Sagrada, A Rocha. Candeia. 2002.

CONCLUSÃO

Explicações do espinho na carne de Paulo são numerosas.

Há pelo menos doze diferentes sugestões, várias delas bem aproveitáveis.

Entre as sugestões estão: A epilepsia, a histeria, a nevralgia, a depressão, problemas de visão, malária, lepra, reumatismo, um impedimento na fala, tentação, inimigos pessoais e maus-tratos de um demônio.

Essas teorias são habilmente defendidas por estudiosos que conhecem tanto a literatura judaica quanto a vida de Paulo descrita em Atos e nas epístolas.

Certamente, algumas conjecturas são dignas de consideração. Quer aconteça ter sido a aflição de Paulo um problema externo ou interno, o resultado permanece o mesmo: nossas teorias são meras suposições, pois não sabemos o que afligia o apóstolo.

Sabemos, no entanto, que algo o afligia e que era suficientemente desagradável, a ponto de fazê-lo desejar ser liberto deste mal.
O nosso desejo neste trabalho foi tentar encontrar pistas dentro do próprio texto sagrado, reforçando a idéia da “oftalmia”, tendo, contudo a humildade de jamais fazermos qualquer tipo de afirmação conclusiva.


CONCLUSÃO PESSOAL


Em minha experiência pastoral tenho convivido com situações intrigantes acerca do poder e onipotência de Deus. Às vezes deparo com situações em que oramos e o céu se abre. Conversões, curas inexplicáveis pela medicina, portas de empregos são abertas, mesmo em meio às crises, respostas instantâneas, reinando alegria e edificação na vida de toda Igreja.

Por outro lado, existem momentos em que, por mais que se invistam os recursos da medicina, por mais que oramos individualmente ou como comunidade de fé, as coisas não acontecem como desejamos.

É o “não” de Deus como resposta.

Deus sempre nos ouve, mas às vezes sua resposta é um “não”.
Em meio a inumeráveis “SINS” de Deus, nestes últimos dias estamos vivenciando uma experiência em que uma jovem senhora, de 47 anos, casada, com uma filha única de 8 anos, foi diagnosticada com câncer. A Igreja tem orado e a família tem buscado os melhores tratamentos disponíveis no país. No entanto, o que temos assistido, a despeito das inúmeras orações de diversas igrejas e recursos médicos aplicados, é uma morte lenta, dolorosa, agressiva, que tem gerado, em muitos, questionamentos, revolta e insegurança.

Perguntas são feitas: O que será da menina, tão apegada com mãe? Fora os intermináveis “Por quês?”

Neste momento, a experiência do “espinho na carne de Paulo” nos arremessa para a questão da soberania de Deus e do seu senhorio sobre nossas vidas.
Lembramo-nos da expressão de Ana, em I Samuel 2:6, quando diz: “O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura, e faz subir.”
O fato de recebermos um “NÃO” de Deus, não significa que Ele não nos ame, ou que Ele não ouviu a nossa oração.

Precisamos aprender e nos lembrar sempre que “NÃO” também é resposta.

No entanto, o “NÃO” de Deus, em Paulo, é sempre acompanhado da expressão: “ A minha graça te basta...”

 

 

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